Tuesday, September 14, 2004

31a Parábola - A Porta Estreita

31a Parábola - A Porta Estreita
E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
(Lucas 13:24-30)
Paulo (paulotarsovp@yahoo.com.br)
Irmãos,
Resolvi comentar as parábolas. Mesmo que elas me tomem um tempo preciso, sei que estou contribuindo com o aprendizado de todos. Nós devemos fazer aquilo que está ao nosso alcance e devemos começar desde já. Se a vida é um jogo, os livros básicos da Doutrina Espírita são as regras. Discutir para apreender, ir contra é tolice. Ignorar os ensinamentos é fazer papel de bobo onde o único prejudicado somos nós mesmos.
Não sejamos mais um que estuda para conhecer e não faz uso. Temos aquilo que precisamos para cumprir com as provas que escolhemos passar ou que foram definidas por Deus. O fardo nunca é mais pesado do que podemos carregar.
Vamos agradecer por tudo que já nos foi dado e começar a devolver em forma de ajuda ao próximo. Quando praticamos a caridade, estamos ajudando Deus nos planos que ele tem para todos os seres.
A hora é agora, todos sabemos o que devemos fazer, então mãos à obra.
Quanto à Parábola da semana, eu escolhi comentar alguns trechos.
"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
As pessoas se iludem quando pensam que apenas por conhecer as Leis Divinas entraram no Reino dos Céus. Antes de conhecer é necessário praticar. Já foi dito "Sem caridade não há salvação". Aquele que não pratica a caridade, estará cometendo graves erros, pois deixar de fazer o bem é por si só uma falta tão grave quanto praticar o mal.
"Não sei donde sois, apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade"
Quem pratica a desigualdade, quem não assiste ao próximo vai de encontro a caridade. Quem achar que está ganhando quando acumula posses em um mundo material precisa lembrar que nada que juntamos neste mundo levamos para o mundo espiritual, apenas os valores morais. Acumular além do que precisamos é praticar a desigualdade. Deixar de ajudar o próximo quando ele precisa também é deixar de praticar a caridade. Lembramos também que devemos ser sinceros conosco e avaliar aquilo que podemos de fato fazer pelo próximo. Como é exemplificado abaixo no texto extraído do livro Nosso Lar, devemos nos ater àquilo que podemos fazer, mas não devemos deixar de agir.
"Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos"
Em um mundo puramente material, as pessoas que se libertarem dos valores e paixões inferiores, que valorizam a coletividade, a caridade, o amor ao próximo; normalmente são julgados pela maioria como os últimos, como aqueles que estão valorizando as coisas erradas. As pessoas normalmente vêem a vida como sendo o princípio e fim de tudo. Não entendem que uma encarnação não passa de um dia na vida evolutiva do espírito. O reino o qual fomos feitos para vivermos é o reino dos céus. Quem pensa de forma material será valorizado pelos que pensam da mesma forma, que é a grande maioria dos espíritos encarnados e desencarnados na Terra, visto que este é um planeta de expiações e provas. Acontece que aqueles que são os primeiros pelo julgamento da maioria, que valorizarem as paixões inferiores e puramente materiais, serão os últimos a passarem pela Porta Estreita se não fizerem jus aos talentos que receberam. Aqueles que souberam identificar os valores certos, praticarem a caridade, resignarem os valores inferiores, tão valorizados pela maioria, serão os primeiros a entrarem pela Porta Estreita.
"Uma existência é um ato
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia
Um serviço - uma experiência
Um triunfo - uma aquisição
Uma morte - um sopro renovador"
André Luis
Vamos Vigiar e Orar, praticar a caridade e nos livrar das paixões inferiores para que possamos juntos cruzar a Porta Estreita.
Que Deus esteja com todo nós.
Paulo Tarso
Sônia (sonjac@terra.com.br)
Jesus deixa claro que temos que dar conta de fazer a parte que nos cabe enquanto encarnados para alcançarmos o reino de Deus.
Quantas vezes somos arrogantes, presunçosos, orgulhosos, vaidosos, achamos que teremos regalias porque temos algum dom, ou porque exercemos cargo de confiança, ou porque somos médiuns ou porque somos espíritas. Nada disso. Nossas ações no bem, nossa transformação no modo de pensar, nosso despertar para a caridade com o próximo é que nos encaminharão para o crescimento moral e espiritual e nos farão ser reconhecidos por Jesus como um de seus seguidores. Nosso comportamento, portanto, é a mola mestra para que estejamos entre os primeiros escolhidos pelo Senhor.
Contudo, se não tivermos aproveitado as oportunidades de crescimento espiritual que nos são dadas, mesmo assim ainda teremos uma chance de alcançarmos mais um degrau na escada da evolução, uma vez que seremos "os últimos", mas não seremos abandonados, esquecidos. Essa é mais uma demonstração do amor que recebemos do Mestre Jesus.
Portanto é necessário trabalhar em nossa transformação para o bem agora e já, esquecendo a vaidade, o orgulho, a arrogância, a raiva. Estaremos assim num estágio inicial de preparação para nossa passagem para o mundo espiritual e sermos reconhecidos pelo que fizemos e não pelo que tivemos no mundo material.
Eloci (elocimello@superig.com.br)
Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo.
Muitas vezes nem tomamos conhecimento da porta estreita, aquela mais difícil de passar, aquela pela qual tenho que me esforçar mais para passar.
Esta porta estreita simboliza principalmente, a reforma íntima. E o esforço que fazemos para conseguir reformar nosso interior é o caminho para chegar a ela.
Quando for tarde demais para esta encarnação, estaremos batendo às "portas estreitas do céu" e maldizendo a hora em que fomos cegos e surdos, quando os únicos culpados por encontrar a porta fechada somos nós mesmos e a nossa imprevidência.
Precisamos acordar agora enquanto ainda dá tempo de tomar um atitude, pois se nos descuidarmos teremos desperdiçado uma oportunidade valiosa de andar mais um degrau na escada evolutiva.
Elo
Ângela (tinatuca@aol.com)
Vou pegar um trechinho da Eloci "emprestado"...
"Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo."
Ainda mais com nosso materialismo, nosso peito estufado de orgulho, fica bem mais fácil procurarmos apenas as portas largas...
Somente quando deixarmos para trás o que não nos terá serventia no mundo espiritual, enxergarmos as verdadeiras riquezas e humildemente nos rebaixarmos poderemos enfim atravessar a porta mais estreita... e seguir rumo à evolução.
Ângela _________________________________________________________________________
Frei Paulus (frei_paulus@yahoo.com.br)
Meus irmãos do Geema,
Esta parábola se encontra no Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), cap. XVIII, item 3, 4 e 5. A sua essência é a do próprio capítulo do ESE e, por quê não dizer, de todo o Evangelho do Cristo: a necessidade de nos melhorarmos não só na aparência, mas, principalmente, em nosso íntimo.
O ato de se transpor uma porta implica a idéia de renovação de ambiente, de mudança de cenário. A idéia da perfeição, fundamento da pregação e da exemplificação de Jesus, é a de que modifiquemos um conjunto de coisas em nossa própria natureza interior. A porta larga, utilizada por muitos, representa a mudança apenas exterior. São os irmãos que carregam uma Bíblia ou um Livro dos Espíritos debaixo dos braços, que gostam de citar passagens inteiras, numa impressionante capacidade de “repetir” o que leram, mas que, infelizmente, não conseguem aplicar nada daquilo que leram. São intolerantes, orgulhosos, arrogantes, egoístas, acham que sabem mais e que, por isso, têm privilégios, regalias, etc...
A porta estreita, por sua vez, dá passagem a um de cada vez. Ela significa a mudança de ambiente possível apenas aos que se esforçam por se modificarem honesta e sinceramente, sem buscarem o aplauso exterior. De que adiantam nossas palestras arrebatadoras, nossas páginas iluminadas se nossa prática é estéril, nossa exemplificação contraria nossa pregação?
É fácil compreender porque Jesus disse que são muitos os chamados, mas poucos os escolhidos. Os escolhidos são em pequeno número porque são raros os que se esforçam, com persistência, por realizarem a sua própria mudança interior. Há, sim, os que aumentam as demãos do verniz social, isto é, representam cada vez com maior “presença de palco” a sua fingida perfeição, mas, como nos ensina o Evangelho, basta um simples arranhão do interesse pessoal para que surja a verdadeira natureza imperfeita do ator ou da atriz.
Agora, por qual motivo continuamos escolhendo a porta larga a despeito de todo o conhecimento que já conseguimos aquilatar? Tiago, cap.1, 14-15, nos permite uma conclusão: “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”
Percebam os irmãos que, quando fraquejamos em nossas convicções, é porque cedemos às nossas paixões (própria cobiça). Imaginemos o caso de um irmão que, estudando a Doutrina Espírita com dedicação e afinco, se vê costumeiramente maldizendo um irmão, sendo intolerante, se impacientando, etc. Depois do “ato falho”, quando se dispõe a analisar o que fez, ele pensa: “por quê continuo a errar tanto?” Sim, o que impulsiona o irmão (que pode ser o caso de cada um de nós, acrescentando-se ou alterando-se as paixões ou arrastamentos citados), por quê não conseguimos superar esses arrastamentos, essas paixões ou essa cobiça? É porque elas estão por demais incrustadas em nossa personalidade e não será sem esforço que as substituiremos por virtudes, pendores positivos ou aspirações para o que é bom e belo.
Notemos que Tiago nos diz que as paixões nos atraem e seduzem. Claro, somos arrastados pelo brilho peculiar da projeção social, da possibilidade do poder, dos afagos da riqueza, do romantismo dos “amores” ilícitos, do “glamour” do copo de destilado ou do cigarro que significariam sucesso (?!), da proeminência na Casa que freqüentamos, etc...
A cobiça gera o pecado, isto é, as paixões favorecem o desdobramento da Lei de Ação e Reação e, naturalmente, aparece a morte. Morte é símbolo dos que estão aprisionados na roda das encarnações. Os Espíritos que vão chegando à condição de Puros não mais se submetem ao fenômeno da morte. Poderíamos dizer que teriam chegado à vida eterna, apesar de a evolução também para eles continuar sob novos aspectos.
O “xis” da questão, portanto, está em atuarmos sobre as paixões que nos arrastam. Não tentemos extirpá-las de nossa natureza, já que elas nos serão úteis, quando bem conduzidas. Tratemos de dirigi-las para a nossa elevação. Sublimemos as paixões. Onde elas nos arrastavam para o que é inferior, busquemos usar essa força (nascida dos instintos que nos dirigiram até recentemente) para o estudo, para a prática do bem, para o desenvolvimento de novas faculdades psíquicas. Isso não será feito a “golpes de machado” e, sim, com amor, já que os consultórios dos psicólogos e dos psiquiatras já estão abarrotados...
Saibamos modificar a natureza das nossas paixões, sejamos senhores dos nossos pensamentos e sentimentos e não mais seus serviçais...
Muita paz a todos.Frei Paulus

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