Sunday, October 17, 2004

39ª Parábola - O Mau Rico e Lázaro

Meus irmãos,
A primeira interpretação é sempre a literal. É inevitável. A partir dela, fica clara a necessidade de ajudarmos os desvalidos, os mais necessitados, de valorizarmos os bens materiais e aplicá-los não só em nosso próprio proveito, mas o de distribuirmos suas possibilidades para os que têm menos que nós. Fora da caridade, não há salvação. Os irmãos do Geema já abordaram, com propriedade, esse aspecto da parábola. Poderemos, então, tanger outro ângulo que a parábola encerra.
A parábola não diz que o rico era mau e o pobre era bom. No entanto, o primeiro morre e vai para o inferno e o segundo, ao morrer, foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Se não tivermos a devida cautela, vamos internalizar que ser rico não é bom e que ser pobre é muito bom, quando poderemos encontrar ricos que se auto-iluminam e pobres que andam muito distantes da luz. Cuidado para não invertermos o entendimento.
A questão não é ser nem rico nem pobre. Isso quer dizer pouco para o Espírito imortal. São apenas circunstâncias que nos envolvem nesta passagem pela matéria. Ao longo de nossa jornada, já fomos tanto ricos quanto pobres e seremos outras inúmeras vezes as duas coisas. O que importa, realmente, é o conjunto de qualidades espirituais que já conseguimos amealhar.
Por quê, então, teria ido o rico para o inferno e o pobre para o céu?
Jesus estava alertando a todos aqueles que alcançam um certo conhecimento espiritual. Esses seriam os ricos. Era o caso do povo judeu. Eles se vestiam de "púrpura e linho e se banqueteavam com requinte", como o rico da parábola. No entanto, os povos não-judeus, que não tinham uma noção tão aperfeiçoada das verdades espirituais, os pobres, que se valiam das "migalhas" que caíam das mesas dos ricos, esses, eventualmente, poderiam possuir as qualidades que os levariam ao crescimento espiritual. É o caso da passagem que consta em Mateus 15, 21-28: "Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercanias, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada. Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós. Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me. Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã."
Agora podemos perceber porque o rico foi para o inferno e o pobre, para o seio de Abraão. Abraão é considerado o pai da fé, por meio dele nasceram três das principais religiões do mundo: o Islamismo, o Judaísmo e o Cristianismo. Eis porque ele é citado e, por inferência, entendemos o papel da fé na nossa auto-iluminação.
A outra parte da parábola seria um prenúncio do que acontece nos dias de hoje. Os "mortos" vêm nos alertar para não irmos aos locais de tormento (a tortura imposta pela consciência culpada) e nem assim nos convencemos.
Há, ainda, outro ponto. A Doutrina Espírita oferece valiosa oportunidade de conhecimento acerca do mundo espiritual. Os que a estudam com afinco, que a encaram com seriedade, alcançam um tesouro espiritual incalculável. Esses se tornam verdadeiramente ricos. No entanto, se não souberem acolher os "Lázaros", pobres, estropiados, famélicos, que batem às suas portas em busca não só de pão material, mas principalmente espiritual, terão destino semelhante ao do rico da parábola. Essa riqueza não significará passaporte para a consciência em paz. É dessa forma que alguns espíritas poderão estranhar o fato de encontrarem alguns "Lázaros" em melhor condição espiritual do "outro lado".
Só a título de curiosidade, Lázaro, etimologicamente, significa "aquele a quem Deus ajuda". E perguntamos, como Deus ajuda senão por meio de Seus mensageiros? Não estará também aí uma pista do que devemos fazer? Se quisermos ser os mensageiros de Deus, que ajudemos a todos indistintamente. Dentre os que ajudarmos efetivamente estarão alguns que Deus colocou em nosso caminho, para que possamos materializar em amor o conhecimento espiritual que houvermos adquirido.
Muita paz a todos!
Frei Paulus

38ª Parábola - O Administrador Infiel

Meus irmãos,
Para refletirmos mais detidamente sobre a parábola desta semana, vamos analisar alguns tópicos:
1) A acusação
O administrador foi acusado de estar dissipando os bens do seu Senhor. Esse administrador é a humanidade, somos nós mesmos, que estamos aqui na forma de "gerentes" do nosso próprio crescimento espiritual e os bens, que bens seriam esses? São os bens materiais, intelectuais, morais e psíquicos.
Quando prodigalizamos os haveres egoisticamente ou quando os retemos por simples avareza, estamos dissipando os bens do Senhor. O capítulo XVI de O Evangelho Segundo o Espiritismo deve ser lido, estudado e refletido com essa visão, principalmente a mensagem de Lacordaire, intitulada Desprendimento dos Bens Terrenos (item 14).
Outros bens que dissipamos são os recursos intelectuais e morais que recebemos também por empréstimo. São as potências da alma, segundo Denis, ou os prazeres da alma, conforme Hammed. Nesse sentido, somos administradores infiéis quando deixamos de utilizar para o bem nossa inteligência, nossa vontade e os demais dons que possuímos. Seria recomendável que lêssemos a mensagem do Espírito Ferdinando, Missão do Homem Inteligente na Terra, que consta do item 13, cap. VII, também do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mas poderemos desperdiçar ainda os bens psíquicos, quando deixamos de desenvolver e educar a sensibilidade, a intuição, a psicografia ou outro tipo de mediunidade, com vistas a nos transformarmos em instrumentos humildes porém úteis aos nossos benfeitores espirituais. No item 220, item 3, de O Livro dos Médiuns, um Espírito assim nos orienta: "...este dom (a mediunidade) não é concedido ao médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para o fim de sua melhoria espiritual e para dar a conhecer a verdade aos homens. Se o Espírito verifica que o médium já não responde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno."
Não vemos aí o Senhor retirando os bens do administrador infiel?
2) A prestação de contas
O Senhor, ouvindo a acusação, chama o administrador e pede-lhe que dê contas dos bens por ele geridos. É o caso da árvore de bons e maus frutos, conforme encontramos no capítulo XXI, de O Evangelho Segundo o Espiritismo. No item 9 desse capítulo, Erasto assim nos orienta: "...os verdadeiros profetas (i.e., médiuns) se revelam por seus atos: são advinhados..." Sugere-se, ainda, a leitura da questão de número 624, de O Livro dos Espíritos.
Todos nós temos uma missão aqui na Terra. Essa missão é necessariamente voltada para o bem e, se por qualquer motivo, não estamos fazendo o bem desinteressadamente às pessoas, é sinal de que não estamos cumprindo nossa missão. Voltando à parábola, o Senhor nos pedirá contas de nossa missão, que, de maneira quase geral, estamos deixando passar em "brancas nuvens", já que nos encontramos ofuscados pelo brilho do que é impermanente. Em outras palavras, estamos vivendo sem a preocupação do que realmente conta para a eternidade, os valores do Espírito, os tesouros que não vamos deixar na sepultura. Vale recordarmos Emmanuel: "quem não é ousado no bem, é usado no mal."
3) A estratégia
Sabendo que iria ser despojado dos bens, o que fez o administrador? Ele beneficiou os devedores do Senhor, de forma que esses o acolhessem posteriormente. Na verdade, ele agiu de forma sagaz, inteligentemente, motivo pelo qual foi elogiado pelo próprio Senhor.
Está aqui o cerne da parábola.
Os bens que administramos (riquezas materiais, intelectuais, morais e psíquicas) nos serão retirados em algum momento e deveremos prestar contas do uso que tivermos dado a cada um desses talentos, já que também assim os poderemos considerar.
No entanto, se formos sagazes, inteligentes, espertos mesmo, conforme agiu o administrador da parábola, vamos procurar os demais devedores do Senhor e vamos distribuir parte desses bens. Vamos fazer a caridade material e moral, vamos ajudar a esclarecer os irmãos e vamos desenvolver os recursos psíquicos (todos podemos e devemos aspirar por essa comunhão elevada com os amigos da Espiritualidade maior), para aliviar e consolar os que choram.
Agindo assim, cada lágrima que secarmos, cada alívio que distribuirmos, cada "Deus lhe pague" que ouvirmos nos serão contabilizados no momento da nossa prestação de contas.
É por isso que Jesus afirma na parábola: "os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." Quer dizer, filhos deste mundo são os materialistas, que, ardilosos, conseguem surpreender nas táticas e estratégias para alcançar seus objetivos. Os filhos da luz, por sua vez, são os que buscam o conhecimento espiritual. Esses, muitas vezes, são tímidos e ingênuos. Querem que a Verdade lhes caía do céu, não têm táticas (lícitas e elevadas, claro) para se permitirem os fins a que buscam. Podemos perceber, agora, a possível associação com a questão 932, de O Livro dos Espíritos.
É por isso que somos aconselhados por Emmanuel a sermos ambiciosos na prática do bem. O Chico dizia que deveríamos praticar a caridade até por inveja do vizinho que é caridoso. Em vez de ficarmos criticando os irmãos e a organização da casa espírita que freqüentamos e que abandonamos quando não somos reconhecidos e valorizados (?!), devemos "arregaçar as mangas", colocar o boné da humildade e perguntar "em que posso ajudar?" Não devemos buscar os cargos de mando, de projeção, de destaque, mas os mais simples, os aparentemente menos importantes. Também vale repetir: "o Espiritismo não precisa de nós, nós é que precisamos dele."
4) Riquezas da injustiça
Não achamos fácil compreender o porquê de Jesus nos afirmar: "...granjeai amigos com as riquezas da injustiça..." O que isso quer dizer?
O fato de estarmos presos à roda das reencarnações, samsara, nos termos orientais, tem muito a ver com a injustiça, não de Deus, que é todo bondade, todo amor, infinitamente justo e misericordioso, mas falamos da injustiça que nós mesmos cometemos, em algum ponto da nossa jornada. Toda vez que nos desviamos do caminho reto, da senda do amor, da obediência às leis de Deus, estamos nos matriculando no educandário da retificação, teremos que acertar contas com a justiça. Por mais que nos julguemos "bonzinhos, caridosos, elevados", alguma coisa em nosso passado não foi passada a limpo. O fato de nos encontrarmos neste abençoado viveiro das almas (Emmanuel), faceando dificuldades de toda ordem (principalmente as internas) é sinal de que algo fizemos e estamos apenas colhendo a justa reação (aceitemos ou não).
Dessa forma, riquezas da injustiça são os bens que adminstramos, por ocasião do nosso reajuste, conhecido por reencarnação. Granjear amigos durante o reajuste significa angariar créditos ou bônus-hora (André Luiz), que nos servirão de passaporte para situações mais felizes.
5) Fiel no pouco e no muito
Estamos aqui em trabalho de reajustamento perante as leis divinas. Na condição de devedores, somos ingratos e exigimos concessões para a quase inexistente contrapartida de merecimento que apresentamos. Alguns só faltam dizer para a Vida: "você sabe com quem está falando???"
Se nessa condição de devedores, cuja dívida, não fosse a misericórdia do credor, seria insolvível, não somos humildes e resignados, como poderemos pedir para administrar os bens maiores da vida, os grandes valores do Espírito? Ser fiéis no pouco significa reconhecermos a natureza do reajuste, do reequilíbrio na qual estamos inseridos e tratar de apressarmos essa fase de moratória (Emmanuel).
É como o caso do devedor que se alegra em pagar todas as suas dívidas, ainda que em esticadas prestações, para que ele possa passar para uma fase de investir e se capitalizar espiritualmente, se pudermos nos expressar assim.
Ser fiel no muito está reservado para uma fase em que os verdadeiros potenciais humanos serão despertados e deixaremos a fase hominal em que estamos para nos elevarmos à fase dita angelical, reservada para os Espíritos que se purificam.
6) Os dois senhores
Por mais que busquemos argumentos que justifiquem nossa "prudência" em acumular e reter bens materiais, essa fase angelical não nos estará acessível enquanto não nos desprendermos das riquezas, do apego, da ilusão, do que é transitório.
Ah, pensam alguns, mas esse estágio superior de abnegação e renúncia está reservado a criaturas especiais como Gandhi, madre Teresa ou Chico Xavier. Claro, eles passaram, em outras existências, pela fase de apego em que nos encontramos. Só assim, vencidas as barreiras que nos impedem de ver a luz, eles puderam se sublimar ou, de acordo com as palavras de Jesus, pegar a sua cruz e segui-Lo.
Enquanto adorarmos os dois senhores: o conhecimento espiritual e o apego material, estaremos na condição de pássaros com asas potentes, no entanto agrilhoados ao solo.
É assim, meus irmãos, que esta parábola (como as demais) possui tanto a nos esclarecer acerca das verdades espirituais. No entanto, se não queremos enfrentar o desafio de retirar a montanha de pedra que nos bloqueia a mente e o coração; se não queremos modificar nossas atitudes; se não optamos por estudar e colocar em prática as lições do Evangelho e da Codificação de Kardec; se não saímos do casulo e começamos a espalhar os nossos bens; enfim, se não nos dispomos a amar indistintamente a todas as criaturas, continuaremos administrando mal os bens que recebemos e a nossa prestação de contas pode acontecer bem antes do que estamos imaginando.
Muita paz a todos!
Frei Paulus

LE 932. Por que, no mundo, tão amiúde, a influência dos maus sobrepuja a dos bons?
"Por fraqueza destes. Os maus são intrigantes e audaciosos, os bons são tímidos. Quando estes o quiserem, preponderarão."


37ª Parábola - O Filho Pródigo

Meus irmãos,
A idéia primeira da parábola é o amor de Deus para com todos os seus filhos, indistintamente.
Jesus nos afirmou: “nenhuma ovelha se perderá.” Se é assim, não haverá outra diferença entre nós senão o momento em que retornaremos à Casa do Pai: uns antes, outros vão demorar um pouco mais...
Mas consideremos as figuras da parábola.
O filho pródigo é a humanidade que, recebendo parte da potência divina, isto é, a razão, o livre-arbítrio, a consciência de si mesma, inicia a sua jornada evolutiva pelos caminhos da dor e do sofrimento...
Dono da faculdade de pensar, o homem ainda não compreende o uso que dela deve fazer. Diz a parábola que o filho mais moço passou a gastar dissolutamente os bens recebidos do Pai. Isto é, o homem não soube usar o raciocínio, a liberdade de escolher, a inteligência superior e, por isso, encontrou a privação, o vazio, o sofrimento.
Tendo despendido os recursos que recebera, o homem passa a disputar os alimentos com os porcos. Por alimentos, devem ser entendidos aqui todos os valores que esposamos e, por porcos, aquelas pessoas que não têm a mínima noção de espiritualidade, que ainda chafurdam no lamaçal das paixões e dos vícios, alheias aos valores elevados da existência.
A Lei de Deus é perfeita. Não se fala em castigo, em punição, em vingança muito menos. A Lei busca o infrator por perfeito mecanismo de reação que corresponde à ação. Temos a liberdade de acionar o arco e lançar a flecha. No entanto, tão logo é arremetida, a flecha atingirá seu alvo irremediavelmente. Da mesma forma, temos o livre-arbítrio, a liberdade de escolher o caminho que desejamos trilhar, mas, uma vez escolhido o caminho deveremos aceitar as conseqüências...
Dentre os que disputam os alimentos com os porcos, eis que o filho pródigo, que gastou indevidamente os talentos recebidos do Pai, se levanta e recorda com pesar da fartura da casa paterna, isto é, as faculdades psíquicas equilibradas que desenvolvemos com a prática do bem são infinitamente superiores a quaisquer gloríolas mundanas, a quaisquer apetites grosseiros, a quaisquer prazeres efêmeros. Chega um momento em que nos cansamos de disputar os valores materiais, a fama, o prestígio e aspiramos a algo superior. Advém-nos a melancolia, que pode ser traduzida como a verdadeira saudade do lar paterno. E, aí, nos decidimos por retornar aos valores espirituais.
O Pai nos recebe a todos com os braços abertos e ordena a seus servos que preparem um banquete para a celebração de nossa volta. Assim é o Plano Espiritual quando um de seus tutelados consegue superar as amarras materiais e se auto-iluminar...
Mas eis que encontramos a figura do filho mais velho, egoísta e ingrato. É preciso notar que o Pai dividiu os bens igualmente entre os dois filhos, isto é, também o filho mais velho recebeu sua parte na herança. Mas ele guardou (talvez enterrou) seus talentos e, vendo a festa por conta do retorno de seu irmão, em vez de se alegrar tornou-se amargo e reclamou com o Pai.
O filho mais velho somos todos nós que nos achamos cumpridores dos deveres de consciência, mas que não aceitamos que os “infiéis” sejam acolhidos pela bondade divina. Também é o caso dos irmãos que se vêem únicos procuradores de Jesus na Terra, que não aceitam que Jesus possa ser adorado, procurado e seguido em outra religião que não a sua. Pobres ingratos e egoístas!
Infelizmente, meus irmãos, a hipocrisia que nos caracteriza a maioria faz com que estejamos sendo como o irmão mais velho, aquele que permanece cumpridor dos deveres religiosos, mas que segue sendo seco, intolerante e sem amor. Gostamos de nos julgar os conhecedores da verdade, mas por algum motivo essa verdade que possuímos ainda não nos libertou. Criticamos e condenamos, julgamos e ofendemos, mas ainda não aprendemos a estender a mão ao irmão caído.
Infelizmente, ainda não aceitamos o fato de que somos uma grande família. Somos todos irmãos e as divisões que criamos contrariam frontalmente o ensinamento do “amai-vos uns aos outros” ou o do “meus discípulos serão reconhecidos por muito se amarem...” Fugindo de ser o filho pródigo, temos sido o filho mais velho, nos dizeres de Emmanuel, correto, mas egoísta, remoendo censura e reclamação.
Muita paz a todos!
Frei Paulus

Sobre os comentários da Sônia:
Minha irmã,
Apesar de buscarmos o conhecimento, de estudarmos e nos filiarmos aos movimentos assistenciais, de realizarmos semanalmente o Estudo do Evangelho no Lar, de tentarmos ser verdadeiros espíritas, ainda nos pegamos derrapando nas velhas curvas do caminho. Um irmão nosso, lendo o livro As Dores da Alma (Hammed), nos dizia: não há uma “dor” sequer que eu não tenha (crueldade, orgulho, irresponsabilidade, crítica, ilusão, medo, preocupação, solidão, culpa, mágoa, egoísmo, baixa estima, vício, rigidez, ansiedade, perda, insegurança, repressão, depressão, dependência e inveja). Parece exagero do irmão, no entanto, se analisarmos detidamente, verificaremos que também nós ainda não nos desvencilhamos por completo dessas e de outras “pequenas” dores.
Reconhecer nossas falhas, escrevia eu a esse irmão que também nos lê agora, será passo decisivo para que nos aperfeiçoemos. Quando nos julgamos perfeitos é porque estamos nos iludindo e fugimos da realidade. Cheguei a brincar com ele, dizendo: encarcerados neste Carandiru, internados neste Juqueri ou matriculados neste imenso Cefet planetário não será de se esperar que nos consideremos os sentinelas da humanidade, os médicos das almas ou os professores da verdade. Somos, sim, espíritos que lutam por se auto-iluminar, por vencer as dificuldades, as imperfeições, por corrigir os erros do passado. O triste é que, mesmo nesta situação, ainda exigimos privilégios que não merecemos...
Mas vamos ao ponto que você mencionou: “A leitura dessa parábola me intrigava muito, pois eu achava que, então, o que valia era ser "ruim, desonesto", pois esse era quem seria reconhecido ! Confesso, humildemente, que mesmo depois de entender o verdadeiro significado da parábola ( ou achar que entendi ), é difícil perder esse ranço. Até mesmo porque vive-se cercado de "pessoas de bem" que só vivem julgando o comportamento alheio e é preciso ser bem forte para sustentar, contra tudo e contra todos, uma opinião diferente da maioria. Muitas vezes me pego com o pensamento de outrora e rapidamente tenho que me reequilibrar. É normal ser difícil assim?”
Realmente não é fácil. Estamos muito acostumados a toda uma ordem de idéias e não será do dia para a noite que modificaremos todo o nosso modo de sentir e pensar. Mas não é por isso que deixaremos de implantar em nós mesmos novos e mais salutares hábitos. Com relação aos irmãos que não aceitam nossa Doutrina, deveremos agir com eles da forma que gostaríamos que eles agissem para conosco.
Para entender com clareza a nossa porção “filho mais velho”, sugiro a leitura da mensagem de Emmanuel – Filho e Censor – à pág. 212 de Palavras de Vida Eterna. Se você não possuir o livro, diga-me que a digitarei pra você.
Muita paz,
Frei Paulus

Monday, September 27, 2004

36ª Parábola - A Dracma Perdida

Meus irmãos,
Como afirmamos ao apresentar a parábola desta semana, esta como a da ovelha desgarrada são relativas à parábola do filho pródigo, que veremos em seguida. As três nos apresentam a figura da evolução que nos aguarda a todos, a despeito do desejo que temos de continuar nesta fase de apego em que nos encontramos.
A ovelha se desgarra por conta do seu apetite. Ela se afasta do rebanho porque visa a gramíneas cada vez mais verdes e saborosas. Por conta dos nossos apetites, também nos desgarramos do caminho reto e, de repente, nos vemos cercados pelas sombras, pela dor e nos voltamos para aquele que é o Pastor de nossas almas...
A moeda traz sempre a efígie do rei ou do país que representa. Na condição de moedas, também trazemos a efígie do Pai que nos criou. Temos inscrito em nossa mente e em nosso coração o selo da Providência Divina, que nos criou à sua “imagem e semelhança”.
O Cristo se faz representar pela mulher que busca a dracma perdida: cada um de nós...
Ele acendeu a candeia para nos encontrar: o seu Evangelho de Luz...
E ele varre a casa, quer dizer, somos visitados pela dor e pelo sofrimento, que são verdadeiros remédios para a nossa ignorância, já que, por meio da dificuldade, seja de que ordem for, nos voltamos para as coisas espirituais, para a caridade e para o amor. Por meio dessa varredura, os entulhos que acumulamos em nós mesmos, ao longo das encarnações, são retirados, somos purificados, limpos...
Mas, perguntam alguns, eu sou “bom” (!), caridoso, generoso e só me visitam as dores e as provações, enquanto fulano é “mau”, egoísta e orgulhoso e tudo parece lhe sorrir. O que acontece? Onde a justiça? É, meus irmãos, enquanto alguns se dispõem a colher outros ainda se encontram plantando...
Por fim, somos esclarecidos da alegria no mundo espiritual quando cada um de nós vamos nos auto-iluminando. É que estamos todos de tal forma unidos que, chegados a patamares superiores de moralidade, não seguiremos indiferentes aos que ficam à retaguarda. Voltaremos e ofereceremos a mão aos que vêm enfrentando as mesmas dificuldades que acabamos de superar.
É isso. A luz está aí. A vassoura está nos limpando. Cumpre que estejamos conscientes da parte que nos toca e não percamos a oportunidade que, como já falamos, nunca foi tão evidente...
Muita paz a todos,
Frei Paulus

Monday, September 20, 2004

34ª e 35ª Parábolas - A Edificação da Torre e o Rei que vai Guerrear

Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.

Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?

Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.

Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?

No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.

Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.

Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?

Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Lucas, 14:27-35



Irmãos do Geema,

As parábolas da semana têm a ver com o nosso conjunto de méritos espirituais.

Por toda parte, em todas as religiões, encontramos irmãos garantindo que já se encontram “salvos”, iluminados ou “escolhidos”. Isso porque cumprem com regularidade as “obrigações” semanais de sua religião.

No entanto, a mensagem evangélica é muito clara: para sermos discípulos do Cristo é preciso que tomemos a nossa cruz e que o sigamos. Quem está realmente disposto a enfrentar, com resignação, as dificuldades da vida e a cumprir, fielmente, todos os ensinamentos do Cristo, inclusive no que se refere ao amor aos inimigos? Quem está, na verdade, disposto a renunciar a tudo o que possui para ser discípulo de Jesus?

Analisemos as parábolas:

... Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?


... Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?

Diante de qualquer empreendimento, na vida comum, somos convidados, pela prudência, a analisar se teremos as condições de irmos até o fim, de concluirmos o que nos propomos.

Também na empresa espiritual que administramos, antes de nos considerarmos evoluídos, salvos ou quites com a Providência Divina, devemos avaliar se temos “bala na agulha”, isto é, se possuímos méritos, se praticamos o bem desinteressado, se sabemos nos calar diante da crítica injusta, se pensamos sempre no outro antes de cogitarmos de nós mesmos...

Quando não fazemos essa avaliação sincera, ficamos como o construtor com a torre inacabada ou como o rei que enfrenta, ingenuamente, exército muito superior ao seu: nossa evolução fica pela metade ou, pior, perdemos a guerra contra as nossas inclinações negativas (voltamos aos velhos hábitos que combatemos por algum tempo...)

Renunciarmos a nós mesmos parece tarefa deveras gigantesca, parece preço alto demais para nós que nos acostumamos ao pódium das glórias humanas, das disputas de personalidade, de bens materiais, de inteligência, etc. No entanto, o mesmo Cristo nos disse que não podemos servir a dois senhores. É preciso que escolhamos apenas um...

Meus irmãos, que por meio da humildade, do esforço persistente no bem, do sacrifício dos nossos parentes, de acordo com a figura contida no Bhagavad Gita, tais sejam: egoísmo, vaidade, orgulho, inveja... possamos terminar o nosso combate (que pode ser hoje mesmo ou daqui a 50 anos), dizendo: combati o bom combate...

Muita paz a todos,

Frank

Tuesday, September 14, 2004

32ª Parábola – A Escolha dos Lugares

Olá meus queridos irmãos do Geema,
Após este afastamento de um mês, retorno ao nosso Grupo e fico feliz em verificar que já somos 136 pessoas irmanadas no propósito de estudar e refletir sobre os ensinamentos espíritas.
Meus irmãos, o Espiritismo não precisa de nós; nós, sim, precisamos dele. O Espiritismo não é mais uma religião ou uma mera filosofia. Ele não exige nossa freqüência semanal, nossa participação em ritos ou sacramentos, o cumprimento de obrigações ou penitências. No entanto, ele requer um esforço maior que todas as peregrinações aos lugares ditos sagrados, a todas as penitências exteriores. O Espiritismo exige a nossa reforma interior, o nosso empenho em estudar (não apenas ler) os seus fundamentos, a prática paralela à teoria. Infelizmente, muitos espíritas não conseguem reconhecer a grandeza e a profundidade do Espiritismo. É comum, e triste, ouvir as pessoas dizerem, geralmente, quando da eclosão da mediunidade: “ah, eu não posso me dedicar agora porque eu tenho que me casar, estudar, ganhar a vida, etc. primeiro.” Ou seja, o aspecto espiritual da existência, para essas pessoas, possui significado apenas secundário, desempenha papel coadjuvante, não essencial, prescindível.
Outro aspecto geralmente esquecido é que o Espiritismo não se restringe à comunicação com os Espíritos, à busca de nossas personalidades anteriores, ao brilho de sua faceta científica. O Espiritismo, em sua verdadeira essência, significa aplicação ampla e irrestrita do Evangelho de Jesus. Quem bate às portas do Espiritismo à caça de conhecimentos não disponíveis ao vulgo, esperando algum tipo de “iniciação” exotérica ou se prendendo apenas aos ângulos científicos e filosóficos do Espiritismo acaba por não compreender o alcance e o valor da Doutrina Espírita. O objetivo primacial do Espiritismo é o aperfeiçoamento moral, a evolução espiritual dos que lhe seguem os fundamentos com sinceridade e com boa vontade.
Infelizes aqueles que buscam no Espiritismo um meio de elevação material, de projeção, de privilégios. Seguem, infelizmente, a trilha sinuosa do engano. Trilha essa utilizada, ainda, por aqueles que “inventam” rituais, exigem roupas especiais para as atividades, adotam procedimentos, criam superstições e procuram aterrar os simples e humildes que lhes batem às portas.
Meus irmãos do Geema, busquemos conhecer e praticar o Espiritismo. Não com vistas a melhorar nossa sogra, nosso marido ou esposa ou nossos filhos, mas objetivando humilde e sinceramente a nossa própria modificação. É preciso corrigir nossas inclinações inferiores, é preciso conhecer a natureza de nossos sentimentos, é preciso querer melhorar. Quem se acha correto, bom e perfeito, infelizmente, é um orgulhoso, está se enganando. A premissa é simples: está encarnado aqui? Não é santo. Se for um evoluído realmente, ele não se achará perfeito. Todos temos as montanhas à nossa frente por escalar.
Que possamos meditar, estudar com afinco, estabelecendo rotinas diárias de estudo, a começar pela Codificação de Kardec e que nos lembremos sempre da caridade (a que dá e a que ama), como a compreendia Jesus: Benevolência para com TODOS, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas (O Livro dos Espíritos, 886).
Retomamos, agora, o estudo das parábolas de Jesus. Estamos na de número 32. Para aqueles que chegaram ao grupo no mês de agosto, o nosso estudo consiste em enviarmos a parábola e todos podem e devem expor o seu entendimento acerca da parábola ou, mesmo, apresentar um ou outro questionamento, para que todos possamos tentar responder.
Muita paz,
Frei Paulus

32ª Parábola – A Escolha dos Lugares
Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Lucas 14, 8-11




Irmãos do Geema,
A mensagem que “salta aos olhos” nesta parábola é, sem sombra de dúvida, a da humildade.
As pessoas têm confundido humildade com ingenuidade, com servilismo, com falta de auto-estima, enfim, associam-na com fraqueza de caráter, com pusilanimidade, covardia moral mesmo. Humildade é justamente o contrário de tudo isso.
Quando nos preparamos para a reencarnação, há todo um preparo no Plano Espiritual. Somos apresentados à oportunidade de retorno ao Plano Físico com grande alegria e expectativa. Não somos “lançados” aqui na matéria ao “Deus-dará”. Existem grandes objetivos permeando esse retorno. Há uma finalidade maior que nos é de certa forma indevassável, enquanto estamos mergulhados na carne, mas que é muito nítida quando estamos nas fases preparatórias ou, mesmo, nos momentos em que nos entregamos ao sono do corpo físico e o Espírito, que nunca necessita de repouso, se retempera junto aos que nos guiam e ajudam em nossa tarefa de reparação e de reequilíbrio.
Mas fixemo-nos nessa fase preparatória. Espíritos a caminho da luz, não nos desfazemos das conquistas intelectuais, artísticas e morais que conseguimos aquilatar nas diferentes personalidades que animamos. De igual forma, os vícios, as dificuldades e as inclinações menos felizes não se extirpam a um “passe de mágica”. Assim, quando chegamos ao berço, porta de entrada do mundo material, o Espírito traz consigo os seus patrimônios em forma de valores, de tendências, de aspirações. Além disso, há todo um conjunto de viciações ou, quando menos, de inclinações negativas.
Pois bem, quando consciente da transitoriedade de mais uma forma, da fugacidade de mais um “papel” a desempenhar ou de um personagem a animar, o Espírito não se distancia da sua verdadeira essência. Isto é, ele se reconhece uma criatura necessitada de aperfeiçoamento, sabe de sua posição na escala da vida e, principalmente, identifica e aceita a mão de Deus a lhe guiar em todos os momentos de sua passageira romagem terrestre. Isto é humildade.
O contrário desse posicionamento é quando o Espírito, sem se reconhecer como tal, sem identificar a transitoriedade da forma que reveste, abandona suas tendências naturais e assume um papel de tentar agradar às exigências sociais. Age, portanto, em desacordo com a sua verdadeira essência. Eis o caso do orgulhoso, do vaidoso, do invejoso, do arrogante. Todos esses vivem em prol de uma imagem que querem, desesperadamente, projetar. Fruto de uma insegurança diante da vida e, pior, de uma ignorância dos verdadeiros objetivos da existência.
Eis porque Jesus coloca a humildade como sendo a virtude por excelência. O humilde – notem que não estamos falando do servil, do ingênuo ou do inseguro – é, antes de tudo, aquele que adquire a sabedoria de reconhecer seu papel no Universo. Ele não se julga maior nem menor do que ninguém. Ele não se entretém com quimeras. Ciente de suas deficiências, ele busca, a cada dia, superar essas dificuldades. Ele quer se tornar melhor do que si mesmo e não melhor do que os outros.
Observemos exemplos de pessoas humildes. Madre Teresa de Calcutá, quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 1979, solicitou, humildemente, que em vez de ser homenageada com um banquete, como era e é o costume, o dinheiro que cada convidado iria gastar com o jantar (250 dólares) fosse repassado a ela. Por ser pessoa respeitada por todos, os convidados aceitaram doar-lhe o dinheiro e não participaram do jantar, que foi cancelado. Um ano depois desse fato, madre Teresa escreveu uma carta aos organizadores da premiação dizendo: “hoje, exatamente um ano depois da premiação, o dinheiro que eu trouxe acabou. Durante um ano, 400 pessoas se alimentaram quatro vezes ao dia com o dinheiro que teria sido gasto no banquete daquela noite.”
Imaginemos o que teria feito uma pessoa orgulhosa. Com certeza ela teria preferido o banquete, que realçaria a sua posição de destaque...
Mas voltemos à parábola, para concluirmos. Jesus se refere à humildade que devemos possuir em não nos julgarmos “salvos” só porque pertencemos a esta ou aquela religião ou filosofia. Eis o caso de muitos que olham com desdém os que não pensam como eles e, com isso, nada mais fazem que se afastar da auto-iluminação. Quando agem assim, são como os convidados que tomam os primeiros lugares e vindo o que convidou (Jesus) solicita aqueles lugares porque chegaram outros convidados mais importantes. Reflitam sobre a parábola com este enfoque...
Muita paz,
Frei Paulus

33ª Parábola – A Escolha dos Convidados

33ª Parábola – A Escolha dos Convidados
Disse Jesus: quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.

Lucas 14, 12-14

Meus irmãos,
Como sabemos, as parábolas de Jesus podem ser compreendidas a partir de vários níveis de interpretação. O primeiro é sempre o literal. Está claro, a partir desse ponto de vista, que a mensagem carreada pela parábola é a do amor desinteressado, aquele que não espera qualquer tipo de retribuição. Quando ajudamos os desvalidos, a única recompensa possível será a espiritual, o bem-estar que experimentamos, a consciência tranqüila, o sentido de dever bem cumprido, apesar de entendermos que muito há por ser feito ainda.
Num nível de interpretação simbólico, no entanto, devemos entender o banquete, o jantar ou a ceia como sendo o conhecimento espiritual que já pudemos aquilatar. Jesus nos adverte, dessa forma, que esse conhecimento não deve ser compartilhado apenas com os companheiros de crença, aqueles que já o possuem em certo grau, de forma que também nos retribuam com ângulos que ainda não conhecíamos. O entendimento espiritual que conquistamos deve servir para elucidar, esclarecer e consolar os pobres, aleijados, mancos e cegos de conhecimentos.
Então quer dizer que devemos pregar nas esquinas, gritar aos transeuntes com os livros da Codificação debaixo do braço? Não é o caso. A melhor pregação é a do exemplo, da consciência em paz, da paciência. Quando nos esforçamos por testemunhar o conhecimento evangélico nos tornamos exemplos aos que se debatem no oceano da ignorância espiritual e do conseqüente sofrimento. Sem percebermos estaremos cumprindo o ensinamento de Jesus: “ide e pregai o Evangelho a toda criatura...”
Convém recordar o Cap. XX, item 4, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que recebe o significativo título: Missão dos Espíritas. Nessa passagem, somos “aconselhados” a divulgar o conhecimento espírita que recebemos. Ao final da mensagem, o Espírito Erasto nos oferece os sinais pelos quais se podem reconhecer os espíritas que estão no bom caminho: ...vós os reconhecereis pelos princípios de verdadeira caridade que eles professarão e praticarão; vós os reconhecereis pelo número de aflições às quais eles terão levado consolações; vós os reconhecereis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; vós os reconhecereis, enfim, pelo triunfo dos seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; aqueles que seguem suas leis são seus eleitos, e ele lhes dará a vitória, mas esmagará aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela um meio para satisfazer sua vaidade e sua ambição.”
Está aí, portanto, a melhor maneira de pregarmos a Boa Nova, com desinteresse, por meio da justiça, do amor e da caridade.
Há níveis mais profundos para compreendermos esta e as demais parábolas. No entanto, ainda nos faltam elementos para atingi-los. Tratam-se de níveis profundamente espirituais, que nos exigem uma abnegação, um testemunho de amor para os quais ainda não nos tornamos elegíveis. É o caso da iniciação por meio da renúncia e do sofrimento que encontramos nos exemplos de vida de Paulo, Francisco de Assis e outros.
Muita paz,
Frei Paulus


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31a Parábola - A Porta Estreita

31a Parábola - A Porta Estreita
E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
(Lucas 13:24-30)
Paulo (paulotarsovp@yahoo.com.br)
Irmãos,
Resolvi comentar as parábolas. Mesmo que elas me tomem um tempo preciso, sei que estou contribuindo com o aprendizado de todos. Nós devemos fazer aquilo que está ao nosso alcance e devemos começar desde já. Se a vida é um jogo, os livros básicos da Doutrina Espírita são as regras. Discutir para apreender, ir contra é tolice. Ignorar os ensinamentos é fazer papel de bobo onde o único prejudicado somos nós mesmos.
Não sejamos mais um que estuda para conhecer e não faz uso. Temos aquilo que precisamos para cumprir com as provas que escolhemos passar ou que foram definidas por Deus. O fardo nunca é mais pesado do que podemos carregar.
Vamos agradecer por tudo que já nos foi dado e começar a devolver em forma de ajuda ao próximo. Quando praticamos a caridade, estamos ajudando Deus nos planos que ele tem para todos os seres.
A hora é agora, todos sabemos o que devemos fazer, então mãos à obra.
Quanto à Parábola da semana, eu escolhi comentar alguns trechos.
"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
As pessoas se iludem quando pensam que apenas por conhecer as Leis Divinas entraram no Reino dos Céus. Antes de conhecer é necessário praticar. Já foi dito "Sem caridade não há salvação". Aquele que não pratica a caridade, estará cometendo graves erros, pois deixar de fazer o bem é por si só uma falta tão grave quanto praticar o mal.
"Não sei donde sois, apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade"
Quem pratica a desigualdade, quem não assiste ao próximo vai de encontro a caridade. Quem achar que está ganhando quando acumula posses em um mundo material precisa lembrar que nada que juntamos neste mundo levamos para o mundo espiritual, apenas os valores morais. Acumular além do que precisamos é praticar a desigualdade. Deixar de ajudar o próximo quando ele precisa também é deixar de praticar a caridade. Lembramos também que devemos ser sinceros conosco e avaliar aquilo que podemos de fato fazer pelo próximo. Como é exemplificado abaixo no texto extraído do livro Nosso Lar, devemos nos ater àquilo que podemos fazer, mas não devemos deixar de agir.
"Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos"
Em um mundo puramente material, as pessoas que se libertarem dos valores e paixões inferiores, que valorizam a coletividade, a caridade, o amor ao próximo; normalmente são julgados pela maioria como os últimos, como aqueles que estão valorizando as coisas erradas. As pessoas normalmente vêem a vida como sendo o princípio e fim de tudo. Não entendem que uma encarnação não passa de um dia na vida evolutiva do espírito. O reino o qual fomos feitos para vivermos é o reino dos céus. Quem pensa de forma material será valorizado pelos que pensam da mesma forma, que é a grande maioria dos espíritos encarnados e desencarnados na Terra, visto que este é um planeta de expiações e provas. Acontece que aqueles que são os primeiros pelo julgamento da maioria, que valorizarem as paixões inferiores e puramente materiais, serão os últimos a passarem pela Porta Estreita se não fizerem jus aos talentos que receberam. Aqueles que souberam identificar os valores certos, praticarem a caridade, resignarem os valores inferiores, tão valorizados pela maioria, serão os primeiros a entrarem pela Porta Estreita.
"Uma existência é um ato
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia
Um serviço - uma experiência
Um triunfo - uma aquisição
Uma morte - um sopro renovador"
André Luis
Vamos Vigiar e Orar, praticar a caridade e nos livrar das paixões inferiores para que possamos juntos cruzar a Porta Estreita.
Que Deus esteja com todo nós.
Paulo Tarso
Sônia (sonjac@terra.com.br)
Jesus deixa claro que temos que dar conta de fazer a parte que nos cabe enquanto encarnados para alcançarmos o reino de Deus.
Quantas vezes somos arrogantes, presunçosos, orgulhosos, vaidosos, achamos que teremos regalias porque temos algum dom, ou porque exercemos cargo de confiança, ou porque somos médiuns ou porque somos espíritas. Nada disso. Nossas ações no bem, nossa transformação no modo de pensar, nosso despertar para a caridade com o próximo é que nos encaminharão para o crescimento moral e espiritual e nos farão ser reconhecidos por Jesus como um de seus seguidores. Nosso comportamento, portanto, é a mola mestra para que estejamos entre os primeiros escolhidos pelo Senhor.
Contudo, se não tivermos aproveitado as oportunidades de crescimento espiritual que nos são dadas, mesmo assim ainda teremos uma chance de alcançarmos mais um degrau na escada da evolução, uma vez que seremos "os últimos", mas não seremos abandonados, esquecidos. Essa é mais uma demonstração do amor que recebemos do Mestre Jesus.
Portanto é necessário trabalhar em nossa transformação para o bem agora e já, esquecendo a vaidade, o orgulho, a arrogância, a raiva. Estaremos assim num estágio inicial de preparação para nossa passagem para o mundo espiritual e sermos reconhecidos pelo que fizemos e não pelo que tivemos no mundo material.
Eloci (elocimello@superig.com.br)
Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo.
Muitas vezes nem tomamos conhecimento da porta estreita, aquela mais difícil de passar, aquela pela qual tenho que me esforçar mais para passar.
Esta porta estreita simboliza principalmente, a reforma íntima. E o esforço que fazemos para conseguir reformar nosso interior é o caminho para chegar a ela.
Quando for tarde demais para esta encarnação, estaremos batendo às "portas estreitas do céu" e maldizendo a hora em que fomos cegos e surdos, quando os únicos culpados por encontrar a porta fechada somos nós mesmos e a nossa imprevidência.
Precisamos acordar agora enquanto ainda dá tempo de tomar um atitude, pois se nos descuidarmos teremos desperdiçado uma oportunidade valiosa de andar mais um degrau na escada evolutiva.
Elo
Ângela (tinatuca@aol.com)
Vou pegar um trechinho da Eloci "emprestado"...
"Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo."
Ainda mais com nosso materialismo, nosso peito estufado de orgulho, fica bem mais fácil procurarmos apenas as portas largas...
Somente quando deixarmos para trás o que não nos terá serventia no mundo espiritual, enxergarmos as verdadeiras riquezas e humildemente nos rebaixarmos poderemos enfim atravessar a porta mais estreita... e seguir rumo à evolução.
Ângela _________________________________________________________________________
Frei Paulus (frei_paulus@yahoo.com.br)
Meus irmãos do Geema,
Esta parábola se encontra no Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), cap. XVIII, item 3, 4 e 5. A sua essência é a do próprio capítulo do ESE e, por quê não dizer, de todo o Evangelho do Cristo: a necessidade de nos melhorarmos não só na aparência, mas, principalmente, em nosso íntimo.
O ato de se transpor uma porta implica a idéia de renovação de ambiente, de mudança de cenário. A idéia da perfeição, fundamento da pregação e da exemplificação de Jesus, é a de que modifiquemos um conjunto de coisas em nossa própria natureza interior. A porta larga, utilizada por muitos, representa a mudança apenas exterior. São os irmãos que carregam uma Bíblia ou um Livro dos Espíritos debaixo dos braços, que gostam de citar passagens inteiras, numa impressionante capacidade de “repetir” o que leram, mas que, infelizmente, não conseguem aplicar nada daquilo que leram. São intolerantes, orgulhosos, arrogantes, egoístas, acham que sabem mais e que, por isso, têm privilégios, regalias, etc...
A porta estreita, por sua vez, dá passagem a um de cada vez. Ela significa a mudança de ambiente possível apenas aos que se esforçam por se modificarem honesta e sinceramente, sem buscarem o aplauso exterior. De que adiantam nossas palestras arrebatadoras, nossas páginas iluminadas se nossa prática é estéril, nossa exemplificação contraria nossa pregação?
É fácil compreender porque Jesus disse que são muitos os chamados, mas poucos os escolhidos. Os escolhidos são em pequeno número porque são raros os que se esforçam, com persistência, por realizarem a sua própria mudança interior. Há, sim, os que aumentam as demãos do verniz social, isto é, representam cada vez com maior “presença de palco” a sua fingida perfeição, mas, como nos ensina o Evangelho, basta um simples arranhão do interesse pessoal para que surja a verdadeira natureza imperfeita do ator ou da atriz.
Agora, por qual motivo continuamos escolhendo a porta larga a despeito de todo o conhecimento que já conseguimos aquilatar? Tiago, cap.1, 14-15, nos permite uma conclusão: “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”
Percebam os irmãos que, quando fraquejamos em nossas convicções, é porque cedemos às nossas paixões (própria cobiça). Imaginemos o caso de um irmão que, estudando a Doutrina Espírita com dedicação e afinco, se vê costumeiramente maldizendo um irmão, sendo intolerante, se impacientando, etc. Depois do “ato falho”, quando se dispõe a analisar o que fez, ele pensa: “por quê continuo a errar tanto?” Sim, o que impulsiona o irmão (que pode ser o caso de cada um de nós, acrescentando-se ou alterando-se as paixões ou arrastamentos citados), por quê não conseguimos superar esses arrastamentos, essas paixões ou essa cobiça? É porque elas estão por demais incrustadas em nossa personalidade e não será sem esforço que as substituiremos por virtudes, pendores positivos ou aspirações para o que é bom e belo.
Notemos que Tiago nos diz que as paixões nos atraem e seduzem. Claro, somos arrastados pelo brilho peculiar da projeção social, da possibilidade do poder, dos afagos da riqueza, do romantismo dos “amores” ilícitos, do “glamour” do copo de destilado ou do cigarro que significariam sucesso (?!), da proeminência na Casa que freqüentamos, etc...
A cobiça gera o pecado, isto é, as paixões favorecem o desdobramento da Lei de Ação e Reação e, naturalmente, aparece a morte. Morte é símbolo dos que estão aprisionados na roda das encarnações. Os Espíritos que vão chegando à condição de Puros não mais se submetem ao fenômeno da morte. Poderíamos dizer que teriam chegado à vida eterna, apesar de a evolução também para eles continuar sob novos aspectos.
O “xis” da questão, portanto, está em atuarmos sobre as paixões que nos arrastam. Não tentemos extirpá-las de nossa natureza, já que elas nos serão úteis, quando bem conduzidas. Tratemos de dirigi-las para a nossa elevação. Sublimemos as paixões. Onde elas nos arrastavam para o que é inferior, busquemos usar essa força (nascida dos instintos que nos dirigiram até recentemente) para o estudo, para a prática do bem, para o desenvolvimento de novas faculdades psíquicas. Isso não será feito a “golpes de machado” e, sim, com amor, já que os consultórios dos psicólogos e dos psiquiatras já estão abarrotados...
Saibamos modificar a natureza das nossas paixões, sejamos senhores dos nossos pensamentos e sentimentos e não mais seus serviçais...
Muita paz a todos.Frei Paulus

Monday, September 13, 2004

30a Parábola - A Figueira Estéril

30a Parábola - A Figueira Estéril
E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar. (Lucas 13:6-9) Questões para Reflexão 1) Qual a idéia principal desta parábola? 2) Quem é o dono da vinha? 3) O que é a figueira? 4) O que é o fruto? 5) Quem é o vinhateiro? 6) O que significa escavar e estercar a figueira? 7) O que representa o corte da figueira estéril? Eloci (elocimello@superig.com.br) Acredito que esta parábola nos remete à idéia da pessoa de coração estéril; aquela que passa um encarnação inteira sem progresso algum, sem qualquer esforço para crescer, desperdiçando sua oportunidade. São os surdos e os cegos das coisas de Deus: embora tenham ouvidos saudáveis, não ouvem e olham sem ver, ou seja, não dão frutos. Então, aparece o "vinhateiro" que, mesmo contra todas as possibilidades, tenta salvar essa "figueira estéril" e, muitas vezes, consegue resgatar essa alma seca, outras vezes não... então, não consigo entender muito bem o que seria o "corte da figueira" - seria desistir desse espírito adormecido? Um abraço da Eloci

Sônia (sonjac@terra.com.br)
1) Qual a idéia principal desta parábola?
A parábola mostra que nós temos uma evolução espiritual a ser cumprida nessa encarnação e que se nossa vida está sendo improdutiva estamos gastando momentos preciosos para evoluirmos. No entanto, nem por isso estaremos desamparados, pois através da fé, da vontade, do desejo de mudança, nos é dada uma chance de recuperação do tempo perdido. Todos nascemos ignorantes e temos as mesmas chances de crescimento espiritual.
2) Quem é o dono da vinha?
A vinha é a Vida, é a nossa encarnação, é o momento que nos é oferecido por Deus para evoluirmos espiritualmente.
3) O que é a figueira?
A figueira representa os seres encarnados imperfeitos (nós) e tudo aquilo de que participamos (o lugar onde vivemos, onde trabalhamos, o Centro que freqüentamos, etc.). Estamos aqui na Terra e depende de nós sermos estéreis ou darmos bons frutos.
4) O que é o fruto?
O fruto são as nossas ações do dia-a-dia calcadas na fé em Deus, na necessidade de praticar a caridade e a humildade, seguindo os ensinamentos de Jesus. O modo como somos, como falamos, como agimos, como pensamos determinará o tipo de fruto que daremos.
5) Quem é o vinhateiro?
O vinhateiro poderia ser nosso livre-arbítrio se movimentando em direção à busca de melhoria espiritual; poderia ser um nosso espírito protetor e guia nos intuindo em direção a um rumo que só nos beneficiaria : o rumo do crescimento espiritual através da prática do bem.
6) O que significa escavar e estercar a figueira?
Escavar e estercar a figueira significa vigiar as nossas ações, procurando eliminar o egoísmo, a inércia, a inveja e outros sentimentos inferiores, visando ao aprimoramento individual e coletivo.
7) O que representa o corte da figueira estéril?
Cortar a figueira estéril seria tirar a chance de evolução espiritual a que cada um de nós tem direito, tirar a chance de modificarmos os hábitos, as atitudes em desequilíbrio, em função de se viver mais plenamente voltado para o bem . Beto (gilcv@uol.com.br)
1) Qual a idéia principal desta parábola?
As oportunidades que nosso Pai concede para nos corrigirmos e praticarmos o bem com o finalidade do crescimento espiritual para que tornemos a ser tão perfeitos quando por Ele fomos criados.
2) Quem é o dono da vinha?
Nosso Pai, DEUS.
3) O que é a figueira?
Somos nós, espíritos ainda imperfeitos e ignorantes.
4) O que é o fruto?
São as obras que devemos praticar para conseguirmos a elevação espiritual para que um dias estejamos juntos ao Nosso Senhor, DEUS.
5) Quem é o vinhateiro?
Nosso irmão Jesus que através de seus exemplos de amor e dedicação veio nos ensinar que só através de nossas ações podemos alcançar a perfeição com que fomos criados.
6) O que significa escavar e estercar a figueira? Nossa prática do bem visando a elevação espiritual.
7) O que representa o corte da figueira estéril?
Em nossa vida terrena, temos a oportunidade da prática do bem e do amor ao próximo. Porque somos imperfeitos não conseguimos resgatar nossos erros, todos de uma só vez. Nosso Pai, que nos ama e do qual somos uma partícula, nos oferece oportunidades de recuperação através das várias reencarnações que, por Sua bondade e visando ao nosso aprimoramento, nos concede para que possamos ir aos poucos resgatando nossas dívidas, para que um dia todos nós nos tornemos espíritos puros como quando Ele, por Seu amor a suas criaturas nos criou, perfeitos. Ou seja, oportunidades que Nosso Pai nos concede para que tornemos a Ele com a elevação espiritual com que fomos criados.
Frei Paulus (frei_paulus@yahoo.com.br)
Meus irmãos do Geema, A idéia principal da parábola é a porção do trabalho que nos cumpre realizar para garantir o reino de Deus, como proposto por Jesus, em seu Evangelho. A vinha é a Terra e o dono é Deus, o nosso Pai de amor. A figueira somos nós ou são os dons/talentos que recebemos (riqueza, mediunidade, inteligência, saúde, etc...). Nós estamos na Terra com um objetivo supremo. Recebemos uma determinada missão que visa ao nosso progresso espiritual. Assim, é de se esperar que todas as nossas ações, nossos pensamentos e sentimentos sejam com vistas ao atingimento desse objetivo. Ou em outras palavras, espera-se que toda árvore produza frutos ou, pelo menos, ofereça sombra ao viajante que passa.
Da mesma forma, cada um dos talentos que recebemos veio com um objetivo e, portanto, devemos utilizá-lo em prol do nosso progresso. Se é mediunidade, devemos nos instruir, desenvolvê-la e educá-la para que seus frutos sejam o da ajuda aos irmãos (encarnados e desencarnados) que deles necessitem. Se é riqueza, não podemos nos esquecer daqueles que têm menos do que nós e praticar a caridade na sua mais ampla acepção. Se a nossa figueira é a inteligência, devemos cuidar dela como se fosse uma enxada que recebemos para o trabalho do bem. Aquele que não utiliza a sua inteligência no bem se assemelha ao trabalhador inconseqüente que se senta sobre a sua ferramenta e espera o dia passar. Também a saúde deve ser empregada adequadamente para o nosso crescimento... O fruto da figueira (nossa vida ou nossos talentos) deve estar sempre em relação com o fim precípuo da nossa existência. Gastar os valores maiores em passatempos, em ocupações fúteis, em conversações estéreis, será equivalente a desfazer-se de tesouros conquistados a duras penas.
Quando somos a figueira, o vinhateiro é Jesus, que sempre advoga a favor do nosso crescimento espiritual e roga ao Pai para que nos sejam dadas novas oportunidades. No entanto, no que se refere aos dons e talentos, o vinhateiro seremos nós mesmos. Nós devemos cultivar as faculdades, as circunstâncias favoráveis que recebemos para que elas não nos sejam retiradas. Quem garantirá que a riqueza, a mediunidade, a inteligência ou a saúde serão eternas e irremovíveis? Escavar e estercar a figueira significam, justamente, tornar a nossa vida útil de alguma forma a alguém, isto é, permitir que ela frutifique. Desenvolver os nossos dons e talentos, também em favor do próximo, será cuidar para que a figueira não seja estéril. Quanto a isso, é importante ressaltar que toda ação que visa apenas ao nosso deleite ou desfrute estará beirando o egoísmo, tido claramente como a raiz de todos os vícios. O corte da figueira estéril representa desde a subtração dos dons e talentos utilizados inadequadamente até o exílio dos preguiçosos, sensuais e maldosos em planetas ainda piores que a Terra. Meus irmãos, essas são apenas algumas das interpretações possíveis da parábola.
O nosso crescimento espiritual se dá gradualmente e de forma quase imperceptível, mas pode ser dinamizado, agilizado pelo importante equipamento que todos possuímos: a vontade. Quem quiser se melhorar muito nesta existência e, conseqüentemente, se subtrair das dores, sofrimentos e decepções, que coloque em movimento a sua vontade e persevere no bem.
Muita paz a todos, Frei Paulus