Monday, September 27, 2004

36ª Parábola - A Dracma Perdida

Meus irmãos,
Como afirmamos ao apresentar a parábola desta semana, esta como a da ovelha desgarrada são relativas à parábola do filho pródigo, que veremos em seguida. As três nos apresentam a figura da evolução que nos aguarda a todos, a despeito do desejo que temos de continuar nesta fase de apego em que nos encontramos.
A ovelha se desgarra por conta do seu apetite. Ela se afasta do rebanho porque visa a gramíneas cada vez mais verdes e saborosas. Por conta dos nossos apetites, também nos desgarramos do caminho reto e, de repente, nos vemos cercados pelas sombras, pela dor e nos voltamos para aquele que é o Pastor de nossas almas...
A moeda traz sempre a efígie do rei ou do país que representa. Na condição de moedas, também trazemos a efígie do Pai que nos criou. Temos inscrito em nossa mente e em nosso coração o selo da Providência Divina, que nos criou à sua “imagem e semelhança”.
O Cristo se faz representar pela mulher que busca a dracma perdida: cada um de nós...
Ele acendeu a candeia para nos encontrar: o seu Evangelho de Luz...
E ele varre a casa, quer dizer, somos visitados pela dor e pelo sofrimento, que são verdadeiros remédios para a nossa ignorância, já que, por meio da dificuldade, seja de que ordem for, nos voltamos para as coisas espirituais, para a caridade e para o amor. Por meio dessa varredura, os entulhos que acumulamos em nós mesmos, ao longo das encarnações, são retirados, somos purificados, limpos...
Mas, perguntam alguns, eu sou “bom” (!), caridoso, generoso e só me visitam as dores e as provações, enquanto fulano é “mau”, egoísta e orgulhoso e tudo parece lhe sorrir. O que acontece? Onde a justiça? É, meus irmãos, enquanto alguns se dispõem a colher outros ainda se encontram plantando...
Por fim, somos esclarecidos da alegria no mundo espiritual quando cada um de nós vamos nos auto-iluminando. É que estamos todos de tal forma unidos que, chegados a patamares superiores de moralidade, não seguiremos indiferentes aos que ficam à retaguarda. Voltaremos e ofereceremos a mão aos que vêm enfrentando as mesmas dificuldades que acabamos de superar.
É isso. A luz está aí. A vassoura está nos limpando. Cumpre que estejamos conscientes da parte que nos toca e não percamos a oportunidade que, como já falamos, nunca foi tão evidente...
Muita paz a todos,
Frei Paulus

Monday, September 20, 2004

34ª e 35ª Parábolas - A Edificação da Torre e o Rei que vai Guerrear

Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.

Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?

Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.

Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?

No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.

Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.

Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?

Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Lucas, 14:27-35



Irmãos do Geema,

As parábolas da semana têm a ver com o nosso conjunto de méritos espirituais.

Por toda parte, em todas as religiões, encontramos irmãos garantindo que já se encontram “salvos”, iluminados ou “escolhidos”. Isso porque cumprem com regularidade as “obrigações” semanais de sua religião.

No entanto, a mensagem evangélica é muito clara: para sermos discípulos do Cristo é preciso que tomemos a nossa cruz e que o sigamos. Quem está realmente disposto a enfrentar, com resignação, as dificuldades da vida e a cumprir, fielmente, todos os ensinamentos do Cristo, inclusive no que se refere ao amor aos inimigos? Quem está, na verdade, disposto a renunciar a tudo o que possui para ser discípulo de Jesus?

Analisemos as parábolas:

... Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?


... Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?

Diante de qualquer empreendimento, na vida comum, somos convidados, pela prudência, a analisar se teremos as condições de irmos até o fim, de concluirmos o que nos propomos.

Também na empresa espiritual que administramos, antes de nos considerarmos evoluídos, salvos ou quites com a Providência Divina, devemos avaliar se temos “bala na agulha”, isto é, se possuímos méritos, se praticamos o bem desinteressado, se sabemos nos calar diante da crítica injusta, se pensamos sempre no outro antes de cogitarmos de nós mesmos...

Quando não fazemos essa avaliação sincera, ficamos como o construtor com a torre inacabada ou como o rei que enfrenta, ingenuamente, exército muito superior ao seu: nossa evolução fica pela metade ou, pior, perdemos a guerra contra as nossas inclinações negativas (voltamos aos velhos hábitos que combatemos por algum tempo...)

Renunciarmos a nós mesmos parece tarefa deveras gigantesca, parece preço alto demais para nós que nos acostumamos ao pódium das glórias humanas, das disputas de personalidade, de bens materiais, de inteligência, etc. No entanto, o mesmo Cristo nos disse que não podemos servir a dois senhores. É preciso que escolhamos apenas um...

Meus irmãos, que por meio da humildade, do esforço persistente no bem, do sacrifício dos nossos parentes, de acordo com a figura contida no Bhagavad Gita, tais sejam: egoísmo, vaidade, orgulho, inveja... possamos terminar o nosso combate (que pode ser hoje mesmo ou daqui a 50 anos), dizendo: combati o bom combate...

Muita paz a todos,

Frank

Tuesday, September 14, 2004

32ª Parábola – A Escolha dos Lugares

Olá meus queridos irmãos do Geema,
Após este afastamento de um mês, retorno ao nosso Grupo e fico feliz em verificar que já somos 136 pessoas irmanadas no propósito de estudar e refletir sobre os ensinamentos espíritas.
Meus irmãos, o Espiritismo não precisa de nós; nós, sim, precisamos dele. O Espiritismo não é mais uma religião ou uma mera filosofia. Ele não exige nossa freqüência semanal, nossa participação em ritos ou sacramentos, o cumprimento de obrigações ou penitências. No entanto, ele requer um esforço maior que todas as peregrinações aos lugares ditos sagrados, a todas as penitências exteriores. O Espiritismo exige a nossa reforma interior, o nosso empenho em estudar (não apenas ler) os seus fundamentos, a prática paralela à teoria. Infelizmente, muitos espíritas não conseguem reconhecer a grandeza e a profundidade do Espiritismo. É comum, e triste, ouvir as pessoas dizerem, geralmente, quando da eclosão da mediunidade: “ah, eu não posso me dedicar agora porque eu tenho que me casar, estudar, ganhar a vida, etc. primeiro.” Ou seja, o aspecto espiritual da existência, para essas pessoas, possui significado apenas secundário, desempenha papel coadjuvante, não essencial, prescindível.
Outro aspecto geralmente esquecido é que o Espiritismo não se restringe à comunicação com os Espíritos, à busca de nossas personalidades anteriores, ao brilho de sua faceta científica. O Espiritismo, em sua verdadeira essência, significa aplicação ampla e irrestrita do Evangelho de Jesus. Quem bate às portas do Espiritismo à caça de conhecimentos não disponíveis ao vulgo, esperando algum tipo de “iniciação” exotérica ou se prendendo apenas aos ângulos científicos e filosóficos do Espiritismo acaba por não compreender o alcance e o valor da Doutrina Espírita. O objetivo primacial do Espiritismo é o aperfeiçoamento moral, a evolução espiritual dos que lhe seguem os fundamentos com sinceridade e com boa vontade.
Infelizes aqueles que buscam no Espiritismo um meio de elevação material, de projeção, de privilégios. Seguem, infelizmente, a trilha sinuosa do engano. Trilha essa utilizada, ainda, por aqueles que “inventam” rituais, exigem roupas especiais para as atividades, adotam procedimentos, criam superstições e procuram aterrar os simples e humildes que lhes batem às portas.
Meus irmãos do Geema, busquemos conhecer e praticar o Espiritismo. Não com vistas a melhorar nossa sogra, nosso marido ou esposa ou nossos filhos, mas objetivando humilde e sinceramente a nossa própria modificação. É preciso corrigir nossas inclinações inferiores, é preciso conhecer a natureza de nossos sentimentos, é preciso querer melhorar. Quem se acha correto, bom e perfeito, infelizmente, é um orgulhoso, está se enganando. A premissa é simples: está encarnado aqui? Não é santo. Se for um evoluído realmente, ele não se achará perfeito. Todos temos as montanhas à nossa frente por escalar.
Que possamos meditar, estudar com afinco, estabelecendo rotinas diárias de estudo, a começar pela Codificação de Kardec e que nos lembremos sempre da caridade (a que dá e a que ama), como a compreendia Jesus: Benevolência para com TODOS, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas (O Livro dos Espíritos, 886).
Retomamos, agora, o estudo das parábolas de Jesus. Estamos na de número 32. Para aqueles que chegaram ao grupo no mês de agosto, o nosso estudo consiste em enviarmos a parábola e todos podem e devem expor o seu entendimento acerca da parábola ou, mesmo, apresentar um ou outro questionamento, para que todos possamos tentar responder.
Muita paz,
Frei Paulus

32ª Parábola – A Escolha dos Lugares
Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu; e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Lucas 14, 8-11




Irmãos do Geema,
A mensagem que “salta aos olhos” nesta parábola é, sem sombra de dúvida, a da humildade.
As pessoas têm confundido humildade com ingenuidade, com servilismo, com falta de auto-estima, enfim, associam-na com fraqueza de caráter, com pusilanimidade, covardia moral mesmo. Humildade é justamente o contrário de tudo isso.
Quando nos preparamos para a reencarnação, há todo um preparo no Plano Espiritual. Somos apresentados à oportunidade de retorno ao Plano Físico com grande alegria e expectativa. Não somos “lançados” aqui na matéria ao “Deus-dará”. Existem grandes objetivos permeando esse retorno. Há uma finalidade maior que nos é de certa forma indevassável, enquanto estamos mergulhados na carne, mas que é muito nítida quando estamos nas fases preparatórias ou, mesmo, nos momentos em que nos entregamos ao sono do corpo físico e o Espírito, que nunca necessita de repouso, se retempera junto aos que nos guiam e ajudam em nossa tarefa de reparação e de reequilíbrio.
Mas fixemo-nos nessa fase preparatória. Espíritos a caminho da luz, não nos desfazemos das conquistas intelectuais, artísticas e morais que conseguimos aquilatar nas diferentes personalidades que animamos. De igual forma, os vícios, as dificuldades e as inclinações menos felizes não se extirpam a um “passe de mágica”. Assim, quando chegamos ao berço, porta de entrada do mundo material, o Espírito traz consigo os seus patrimônios em forma de valores, de tendências, de aspirações. Além disso, há todo um conjunto de viciações ou, quando menos, de inclinações negativas.
Pois bem, quando consciente da transitoriedade de mais uma forma, da fugacidade de mais um “papel” a desempenhar ou de um personagem a animar, o Espírito não se distancia da sua verdadeira essência. Isto é, ele se reconhece uma criatura necessitada de aperfeiçoamento, sabe de sua posição na escala da vida e, principalmente, identifica e aceita a mão de Deus a lhe guiar em todos os momentos de sua passageira romagem terrestre. Isto é humildade.
O contrário desse posicionamento é quando o Espírito, sem se reconhecer como tal, sem identificar a transitoriedade da forma que reveste, abandona suas tendências naturais e assume um papel de tentar agradar às exigências sociais. Age, portanto, em desacordo com a sua verdadeira essência. Eis o caso do orgulhoso, do vaidoso, do invejoso, do arrogante. Todos esses vivem em prol de uma imagem que querem, desesperadamente, projetar. Fruto de uma insegurança diante da vida e, pior, de uma ignorância dos verdadeiros objetivos da existência.
Eis porque Jesus coloca a humildade como sendo a virtude por excelência. O humilde – notem que não estamos falando do servil, do ingênuo ou do inseguro – é, antes de tudo, aquele que adquire a sabedoria de reconhecer seu papel no Universo. Ele não se julga maior nem menor do que ninguém. Ele não se entretém com quimeras. Ciente de suas deficiências, ele busca, a cada dia, superar essas dificuldades. Ele quer se tornar melhor do que si mesmo e não melhor do que os outros.
Observemos exemplos de pessoas humildes. Madre Teresa de Calcutá, quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 1979, solicitou, humildemente, que em vez de ser homenageada com um banquete, como era e é o costume, o dinheiro que cada convidado iria gastar com o jantar (250 dólares) fosse repassado a ela. Por ser pessoa respeitada por todos, os convidados aceitaram doar-lhe o dinheiro e não participaram do jantar, que foi cancelado. Um ano depois desse fato, madre Teresa escreveu uma carta aos organizadores da premiação dizendo: “hoje, exatamente um ano depois da premiação, o dinheiro que eu trouxe acabou. Durante um ano, 400 pessoas se alimentaram quatro vezes ao dia com o dinheiro que teria sido gasto no banquete daquela noite.”
Imaginemos o que teria feito uma pessoa orgulhosa. Com certeza ela teria preferido o banquete, que realçaria a sua posição de destaque...
Mas voltemos à parábola, para concluirmos. Jesus se refere à humildade que devemos possuir em não nos julgarmos “salvos” só porque pertencemos a esta ou aquela religião ou filosofia. Eis o caso de muitos que olham com desdém os que não pensam como eles e, com isso, nada mais fazem que se afastar da auto-iluminação. Quando agem assim, são como os convidados que tomam os primeiros lugares e vindo o que convidou (Jesus) solicita aqueles lugares porque chegaram outros convidados mais importantes. Reflitam sobre a parábola com este enfoque...
Muita paz,
Frei Paulus

33ª Parábola – A Escolha dos Convidados

33ª Parábola – A Escolha dos Convidados
Disse Jesus: quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos; e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.

Lucas 14, 12-14

Meus irmãos,
Como sabemos, as parábolas de Jesus podem ser compreendidas a partir de vários níveis de interpretação. O primeiro é sempre o literal. Está claro, a partir desse ponto de vista, que a mensagem carreada pela parábola é a do amor desinteressado, aquele que não espera qualquer tipo de retribuição. Quando ajudamos os desvalidos, a única recompensa possível será a espiritual, o bem-estar que experimentamos, a consciência tranqüila, o sentido de dever bem cumprido, apesar de entendermos que muito há por ser feito ainda.
Num nível de interpretação simbólico, no entanto, devemos entender o banquete, o jantar ou a ceia como sendo o conhecimento espiritual que já pudemos aquilatar. Jesus nos adverte, dessa forma, que esse conhecimento não deve ser compartilhado apenas com os companheiros de crença, aqueles que já o possuem em certo grau, de forma que também nos retribuam com ângulos que ainda não conhecíamos. O entendimento espiritual que conquistamos deve servir para elucidar, esclarecer e consolar os pobres, aleijados, mancos e cegos de conhecimentos.
Então quer dizer que devemos pregar nas esquinas, gritar aos transeuntes com os livros da Codificação debaixo do braço? Não é o caso. A melhor pregação é a do exemplo, da consciência em paz, da paciência. Quando nos esforçamos por testemunhar o conhecimento evangélico nos tornamos exemplos aos que se debatem no oceano da ignorância espiritual e do conseqüente sofrimento. Sem percebermos estaremos cumprindo o ensinamento de Jesus: “ide e pregai o Evangelho a toda criatura...”
Convém recordar o Cap. XX, item 4, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que recebe o significativo título: Missão dos Espíritas. Nessa passagem, somos “aconselhados” a divulgar o conhecimento espírita que recebemos. Ao final da mensagem, o Espírito Erasto nos oferece os sinais pelos quais se podem reconhecer os espíritas que estão no bom caminho: ...vós os reconhecereis pelos princípios de verdadeira caridade que eles professarão e praticarão; vós os reconhecereis pelo número de aflições às quais eles terão levado consolações; vós os reconhecereis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; vós os reconhecereis, enfim, pelo triunfo dos seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; aqueles que seguem suas leis são seus eleitos, e ele lhes dará a vitória, mas esmagará aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela um meio para satisfazer sua vaidade e sua ambição.”
Está aí, portanto, a melhor maneira de pregarmos a Boa Nova, com desinteresse, por meio da justiça, do amor e da caridade.
Há níveis mais profundos para compreendermos esta e as demais parábolas. No entanto, ainda nos faltam elementos para atingi-los. Tratam-se de níveis profundamente espirituais, que nos exigem uma abnegação, um testemunho de amor para os quais ainda não nos tornamos elegíveis. É o caso da iniciação por meio da renúncia e do sofrimento que encontramos nos exemplos de vida de Paulo, Francisco de Assis e outros.
Muita paz,
Frei Paulus


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31a Parábola - A Porta Estreita

31a Parábola - A Porta Estreita
E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu: Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois; então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas; e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
(Lucas 13:24-30)
Paulo (paulotarsovp@yahoo.com.br)
Irmãos,
Resolvi comentar as parábolas. Mesmo que elas me tomem um tempo preciso, sei que estou contribuindo com o aprendizado de todos. Nós devemos fazer aquilo que está ao nosso alcance e devemos começar desde já. Se a vida é um jogo, os livros básicos da Doutrina Espírita são as regras. Discutir para apreender, ir contra é tolice. Ignorar os ensinamentos é fazer papel de bobo onde o único prejudicado somos nós mesmos.
Não sejamos mais um que estuda para conhecer e não faz uso. Temos aquilo que precisamos para cumprir com as provas que escolhemos passar ou que foram definidas por Deus. O fardo nunca é mais pesado do que podemos carregar.
Vamos agradecer por tudo que já nos foi dado e começar a devolver em forma de ajuda ao próximo. Quando praticamos a caridade, estamos ajudando Deus nos planos que ele tem para todos os seres.
A hora é agora, todos sabemos o que devemos fazer, então mãos à obra.
Quanto à Parábola da semana, eu escolhi comentar alguns trechos.
"Porfiai por entrar pela porta estreita, porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão."
As pessoas se iludem quando pensam que apenas por conhecer as Leis Divinas entraram no Reino dos Céus. Antes de conhecer é necessário praticar. Já foi dito "Sem caridade não há salvação". Aquele que não pratica a caridade, estará cometendo graves erros, pois deixar de fazer o bem é por si só uma falta tão grave quanto praticar o mal.
"Não sei donde sois, apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade"
Quem pratica a desigualdade, quem não assiste ao próximo vai de encontro a caridade. Quem achar que está ganhando quando acumula posses em um mundo material precisa lembrar que nada que juntamos neste mundo levamos para o mundo espiritual, apenas os valores morais. Acumular além do que precisamos é praticar a desigualdade. Deixar de ajudar o próximo quando ele precisa também é deixar de praticar a caridade. Lembramos também que devemos ser sinceros conosco e avaliar aquilo que podemos de fato fazer pelo próximo. Como é exemplificado abaixo no texto extraído do livro Nosso Lar, devemos nos ater àquilo que podemos fazer, mas não devemos deixar de agir.
"Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos"
Em um mundo puramente material, as pessoas que se libertarem dos valores e paixões inferiores, que valorizam a coletividade, a caridade, o amor ao próximo; normalmente são julgados pela maioria como os últimos, como aqueles que estão valorizando as coisas erradas. As pessoas normalmente vêem a vida como sendo o princípio e fim de tudo. Não entendem que uma encarnação não passa de um dia na vida evolutiva do espírito. O reino o qual fomos feitos para vivermos é o reino dos céus. Quem pensa de forma material será valorizado pelos que pensam da mesma forma, que é a grande maioria dos espíritos encarnados e desencarnados na Terra, visto que este é um planeta de expiações e provas. Acontece que aqueles que são os primeiros pelo julgamento da maioria, que valorizarem as paixões inferiores e puramente materiais, serão os últimos a passarem pela Porta Estreita se não fizerem jus aos talentos que receberam. Aqueles que souberam identificar os valores certos, praticarem a caridade, resignarem os valores inferiores, tão valorizados pela maioria, serão os primeiros a entrarem pela Porta Estreita.
"Uma existência é um ato
Um corpo - uma veste.
Um século - um dia
Um serviço - uma experiência
Um triunfo - uma aquisição
Uma morte - um sopro renovador"
André Luis
Vamos Vigiar e Orar, praticar a caridade e nos livrar das paixões inferiores para que possamos juntos cruzar a Porta Estreita.
Que Deus esteja com todo nós.
Paulo Tarso
Sônia (sonjac@terra.com.br)
Jesus deixa claro que temos que dar conta de fazer a parte que nos cabe enquanto encarnados para alcançarmos o reino de Deus.
Quantas vezes somos arrogantes, presunçosos, orgulhosos, vaidosos, achamos que teremos regalias porque temos algum dom, ou porque exercemos cargo de confiança, ou porque somos médiuns ou porque somos espíritas. Nada disso. Nossas ações no bem, nossa transformação no modo de pensar, nosso despertar para a caridade com o próximo é que nos encaminharão para o crescimento moral e espiritual e nos farão ser reconhecidos por Jesus como um de seus seguidores. Nosso comportamento, portanto, é a mola mestra para que estejamos entre os primeiros escolhidos pelo Senhor.
Contudo, se não tivermos aproveitado as oportunidades de crescimento espiritual que nos são dadas, mesmo assim ainda teremos uma chance de alcançarmos mais um degrau na escada da evolução, uma vez que seremos "os últimos", mas não seremos abandonados, esquecidos. Essa é mais uma demonstração do amor que recebemos do Mestre Jesus.
Portanto é necessário trabalhar em nossa transformação para o bem agora e já, esquecendo a vaidade, o orgulho, a arrogância, a raiva. Estaremos assim num estágio inicial de preparação para nossa passagem para o mundo espiritual e sermos reconhecidos pelo que fizemos e não pelo que tivemos no mundo material.
Eloci (elocimello@superig.com.br)
Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo.
Muitas vezes nem tomamos conhecimento da porta estreita, aquela mais difícil de passar, aquela pela qual tenho que me esforçar mais para passar.
Esta porta estreita simboliza principalmente, a reforma íntima. E o esforço que fazemos para conseguir reformar nosso interior é o caminho para chegar a ela.
Quando for tarde demais para esta encarnação, estaremos batendo às "portas estreitas do céu" e maldizendo a hora em que fomos cegos e surdos, quando os únicos culpados por encontrar a porta fechada somos nós mesmos e a nossa imprevidência.
Precisamos acordar agora enquanto ainda dá tempo de tomar um atitude, pois se nos descuidarmos teremos desperdiçado uma oportunidade valiosa de andar mais um degrau na escada evolutiva.
Elo
Ângela (tinatuca@aol.com)
Vou pegar um trechinho da Eloci "emprestado"...
"Muitas vezes em nossa caminhada optamos por seguir pela porta mais larga, mais fácil de encontrar, por pura preguiça, por descaso, por nos acreditarmos fisicamente eternos, ou pelo menos, com todo o tempo do mundo."
Ainda mais com nosso materialismo, nosso peito estufado de orgulho, fica bem mais fácil procurarmos apenas as portas largas...
Somente quando deixarmos para trás o que não nos terá serventia no mundo espiritual, enxergarmos as verdadeiras riquezas e humildemente nos rebaixarmos poderemos enfim atravessar a porta mais estreita... e seguir rumo à evolução.
Ângela _________________________________________________________________________
Frei Paulus (frei_paulus@yahoo.com.br)
Meus irmãos do Geema,
Esta parábola se encontra no Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), cap. XVIII, item 3, 4 e 5. A sua essência é a do próprio capítulo do ESE e, por quê não dizer, de todo o Evangelho do Cristo: a necessidade de nos melhorarmos não só na aparência, mas, principalmente, em nosso íntimo.
O ato de se transpor uma porta implica a idéia de renovação de ambiente, de mudança de cenário. A idéia da perfeição, fundamento da pregação e da exemplificação de Jesus, é a de que modifiquemos um conjunto de coisas em nossa própria natureza interior. A porta larga, utilizada por muitos, representa a mudança apenas exterior. São os irmãos que carregam uma Bíblia ou um Livro dos Espíritos debaixo dos braços, que gostam de citar passagens inteiras, numa impressionante capacidade de “repetir” o que leram, mas que, infelizmente, não conseguem aplicar nada daquilo que leram. São intolerantes, orgulhosos, arrogantes, egoístas, acham que sabem mais e que, por isso, têm privilégios, regalias, etc...
A porta estreita, por sua vez, dá passagem a um de cada vez. Ela significa a mudança de ambiente possível apenas aos que se esforçam por se modificarem honesta e sinceramente, sem buscarem o aplauso exterior. De que adiantam nossas palestras arrebatadoras, nossas páginas iluminadas se nossa prática é estéril, nossa exemplificação contraria nossa pregação?
É fácil compreender porque Jesus disse que são muitos os chamados, mas poucos os escolhidos. Os escolhidos são em pequeno número porque são raros os que se esforçam, com persistência, por realizarem a sua própria mudança interior. Há, sim, os que aumentam as demãos do verniz social, isto é, representam cada vez com maior “presença de palco” a sua fingida perfeição, mas, como nos ensina o Evangelho, basta um simples arranhão do interesse pessoal para que surja a verdadeira natureza imperfeita do ator ou da atriz.
Agora, por qual motivo continuamos escolhendo a porta larga a despeito de todo o conhecimento que já conseguimos aquilatar? Tiago, cap.1, 14-15, nos permite uma conclusão: “...cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte.”
Percebam os irmãos que, quando fraquejamos em nossas convicções, é porque cedemos às nossas paixões (própria cobiça). Imaginemos o caso de um irmão que, estudando a Doutrina Espírita com dedicação e afinco, se vê costumeiramente maldizendo um irmão, sendo intolerante, se impacientando, etc. Depois do “ato falho”, quando se dispõe a analisar o que fez, ele pensa: “por quê continuo a errar tanto?” Sim, o que impulsiona o irmão (que pode ser o caso de cada um de nós, acrescentando-se ou alterando-se as paixões ou arrastamentos citados), por quê não conseguimos superar esses arrastamentos, essas paixões ou essa cobiça? É porque elas estão por demais incrustadas em nossa personalidade e não será sem esforço que as substituiremos por virtudes, pendores positivos ou aspirações para o que é bom e belo.
Notemos que Tiago nos diz que as paixões nos atraem e seduzem. Claro, somos arrastados pelo brilho peculiar da projeção social, da possibilidade do poder, dos afagos da riqueza, do romantismo dos “amores” ilícitos, do “glamour” do copo de destilado ou do cigarro que significariam sucesso (?!), da proeminência na Casa que freqüentamos, etc...
A cobiça gera o pecado, isto é, as paixões favorecem o desdobramento da Lei de Ação e Reação e, naturalmente, aparece a morte. Morte é símbolo dos que estão aprisionados na roda das encarnações. Os Espíritos que vão chegando à condição de Puros não mais se submetem ao fenômeno da morte. Poderíamos dizer que teriam chegado à vida eterna, apesar de a evolução também para eles continuar sob novos aspectos.
O “xis” da questão, portanto, está em atuarmos sobre as paixões que nos arrastam. Não tentemos extirpá-las de nossa natureza, já que elas nos serão úteis, quando bem conduzidas. Tratemos de dirigi-las para a nossa elevação. Sublimemos as paixões. Onde elas nos arrastavam para o que é inferior, busquemos usar essa força (nascida dos instintos que nos dirigiram até recentemente) para o estudo, para a prática do bem, para o desenvolvimento de novas faculdades psíquicas. Isso não será feito a “golpes de machado” e, sim, com amor, já que os consultórios dos psicólogos e dos psiquiatras já estão abarrotados...
Saibamos modificar a natureza das nossas paixões, sejamos senhores dos nossos pensamentos e sentimentos e não mais seus serviçais...
Muita paz a todos.Frei Paulus

Monday, September 13, 2004

30a Parábola - A Figueira Estéril

30a Parábola - A Figueira Estéril
E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar. (Lucas 13:6-9) Questões para Reflexão 1) Qual a idéia principal desta parábola? 2) Quem é o dono da vinha? 3) O que é a figueira? 4) O que é o fruto? 5) Quem é o vinhateiro? 6) O que significa escavar e estercar a figueira? 7) O que representa o corte da figueira estéril? Eloci (elocimello@superig.com.br) Acredito que esta parábola nos remete à idéia da pessoa de coração estéril; aquela que passa um encarnação inteira sem progresso algum, sem qualquer esforço para crescer, desperdiçando sua oportunidade. São os surdos e os cegos das coisas de Deus: embora tenham ouvidos saudáveis, não ouvem e olham sem ver, ou seja, não dão frutos. Então, aparece o "vinhateiro" que, mesmo contra todas as possibilidades, tenta salvar essa "figueira estéril" e, muitas vezes, consegue resgatar essa alma seca, outras vezes não... então, não consigo entender muito bem o que seria o "corte da figueira" - seria desistir desse espírito adormecido? Um abraço da Eloci

Sônia (sonjac@terra.com.br)
1) Qual a idéia principal desta parábola?
A parábola mostra que nós temos uma evolução espiritual a ser cumprida nessa encarnação e que se nossa vida está sendo improdutiva estamos gastando momentos preciosos para evoluirmos. No entanto, nem por isso estaremos desamparados, pois através da fé, da vontade, do desejo de mudança, nos é dada uma chance de recuperação do tempo perdido. Todos nascemos ignorantes e temos as mesmas chances de crescimento espiritual.
2) Quem é o dono da vinha?
A vinha é a Vida, é a nossa encarnação, é o momento que nos é oferecido por Deus para evoluirmos espiritualmente.
3) O que é a figueira?
A figueira representa os seres encarnados imperfeitos (nós) e tudo aquilo de que participamos (o lugar onde vivemos, onde trabalhamos, o Centro que freqüentamos, etc.). Estamos aqui na Terra e depende de nós sermos estéreis ou darmos bons frutos.
4) O que é o fruto?
O fruto são as nossas ações do dia-a-dia calcadas na fé em Deus, na necessidade de praticar a caridade e a humildade, seguindo os ensinamentos de Jesus. O modo como somos, como falamos, como agimos, como pensamos determinará o tipo de fruto que daremos.
5) Quem é o vinhateiro?
O vinhateiro poderia ser nosso livre-arbítrio se movimentando em direção à busca de melhoria espiritual; poderia ser um nosso espírito protetor e guia nos intuindo em direção a um rumo que só nos beneficiaria : o rumo do crescimento espiritual através da prática do bem.
6) O que significa escavar e estercar a figueira?
Escavar e estercar a figueira significa vigiar as nossas ações, procurando eliminar o egoísmo, a inércia, a inveja e outros sentimentos inferiores, visando ao aprimoramento individual e coletivo.
7) O que representa o corte da figueira estéril?
Cortar a figueira estéril seria tirar a chance de evolução espiritual a que cada um de nós tem direito, tirar a chance de modificarmos os hábitos, as atitudes em desequilíbrio, em função de se viver mais plenamente voltado para o bem . Beto (gilcv@uol.com.br)
1) Qual a idéia principal desta parábola?
As oportunidades que nosso Pai concede para nos corrigirmos e praticarmos o bem com o finalidade do crescimento espiritual para que tornemos a ser tão perfeitos quando por Ele fomos criados.
2) Quem é o dono da vinha?
Nosso Pai, DEUS.
3) O que é a figueira?
Somos nós, espíritos ainda imperfeitos e ignorantes.
4) O que é o fruto?
São as obras que devemos praticar para conseguirmos a elevação espiritual para que um dias estejamos juntos ao Nosso Senhor, DEUS.
5) Quem é o vinhateiro?
Nosso irmão Jesus que através de seus exemplos de amor e dedicação veio nos ensinar que só através de nossas ações podemos alcançar a perfeição com que fomos criados.
6) O que significa escavar e estercar a figueira? Nossa prática do bem visando a elevação espiritual.
7) O que representa o corte da figueira estéril?
Em nossa vida terrena, temos a oportunidade da prática do bem e do amor ao próximo. Porque somos imperfeitos não conseguimos resgatar nossos erros, todos de uma só vez. Nosso Pai, que nos ama e do qual somos uma partícula, nos oferece oportunidades de recuperação através das várias reencarnações que, por Sua bondade e visando ao nosso aprimoramento, nos concede para que possamos ir aos poucos resgatando nossas dívidas, para que um dia todos nós nos tornemos espíritos puros como quando Ele, por Seu amor a suas criaturas nos criou, perfeitos. Ou seja, oportunidades que Nosso Pai nos concede para que tornemos a Ele com a elevação espiritual com que fomos criados.
Frei Paulus (frei_paulus@yahoo.com.br)
Meus irmãos do Geema, A idéia principal da parábola é a porção do trabalho que nos cumpre realizar para garantir o reino de Deus, como proposto por Jesus, em seu Evangelho. A vinha é a Terra e o dono é Deus, o nosso Pai de amor. A figueira somos nós ou são os dons/talentos que recebemos (riqueza, mediunidade, inteligência, saúde, etc...). Nós estamos na Terra com um objetivo supremo. Recebemos uma determinada missão que visa ao nosso progresso espiritual. Assim, é de se esperar que todas as nossas ações, nossos pensamentos e sentimentos sejam com vistas ao atingimento desse objetivo. Ou em outras palavras, espera-se que toda árvore produza frutos ou, pelo menos, ofereça sombra ao viajante que passa.
Da mesma forma, cada um dos talentos que recebemos veio com um objetivo e, portanto, devemos utilizá-lo em prol do nosso progresso. Se é mediunidade, devemos nos instruir, desenvolvê-la e educá-la para que seus frutos sejam o da ajuda aos irmãos (encarnados e desencarnados) que deles necessitem. Se é riqueza, não podemos nos esquecer daqueles que têm menos do que nós e praticar a caridade na sua mais ampla acepção. Se a nossa figueira é a inteligência, devemos cuidar dela como se fosse uma enxada que recebemos para o trabalho do bem. Aquele que não utiliza a sua inteligência no bem se assemelha ao trabalhador inconseqüente que se senta sobre a sua ferramenta e espera o dia passar. Também a saúde deve ser empregada adequadamente para o nosso crescimento... O fruto da figueira (nossa vida ou nossos talentos) deve estar sempre em relação com o fim precípuo da nossa existência. Gastar os valores maiores em passatempos, em ocupações fúteis, em conversações estéreis, será equivalente a desfazer-se de tesouros conquistados a duras penas.
Quando somos a figueira, o vinhateiro é Jesus, que sempre advoga a favor do nosso crescimento espiritual e roga ao Pai para que nos sejam dadas novas oportunidades. No entanto, no que se refere aos dons e talentos, o vinhateiro seremos nós mesmos. Nós devemos cultivar as faculdades, as circunstâncias favoráveis que recebemos para que elas não nos sejam retiradas. Quem garantirá que a riqueza, a mediunidade, a inteligência ou a saúde serão eternas e irremovíveis? Escavar e estercar a figueira significam, justamente, tornar a nossa vida útil de alguma forma a alguém, isto é, permitir que ela frutifique. Desenvolver os nossos dons e talentos, também em favor do próximo, será cuidar para que a figueira não seja estéril. Quanto a isso, é importante ressaltar que toda ação que visa apenas ao nosso deleite ou desfrute estará beirando o egoísmo, tido claramente como a raiz de todos os vícios. O corte da figueira estéril representa desde a subtração dos dons e talentos utilizados inadequadamente até o exílio dos preguiçosos, sensuais e maldosos em planetas ainda piores que a Terra. Meus irmãos, essas são apenas algumas das interpretações possíveis da parábola.
O nosso crescimento espiritual se dá gradualmente e de forma quase imperceptível, mas pode ser dinamizado, agilizado pelo importante equipamento que todos possuímos: a vontade. Quem quiser se melhorar muito nesta existência e, conseqüentemente, se subtrair das dores, sofrimentos e decepções, que coloque em movimento a sua vontade e persevere no bem.
Muita paz a todos, Frei Paulus